Lygia Pape: A Poética do Concreto e a Moda como Expressão de Identidade
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Lygia Pape é um nome central na arte brasileira do século XX, sendo uma das figuras mais influentes do movimento neoconcreto. Seu trabalho desafiou as convenções da arte moderna, explorando a interseção entre geometria, sensorialidade e a participação do público. Na Belicio, encontramos em Pape uma inspiração contínua para pensar a moda como uma forma de arte que vai além do visual, abraçando o conceito de identidade como uma construção dinâmica e sensível.
A Estética da Geometria Viva
As obras de Lygia Pape são conhecidas pela sua forte presença geométrica, mas também pela capacidade de despertar emoções e reflexões através dessa simplicidade formal. Seus trabalhos, como a série "Tecelares" e o "Livro da Criação", exploram a relação entre linhas, formas e espaços, transformando a geometria em uma experiência viva e pulsante.
"Tecelares" (1952-1959): Uma série de gravuras em madeira que exploram formas geométricas simples e texturas. As obras da série "Tecelares" representam um marco na transição de Pape para o movimento neoconcreto, onde as formas geométricas ganham uma dimensão poética e sensorial.
Na Belicio, reconhecemos essa abordagem em nosso processo criativo, onde as formas, cortes e estruturas das peças de roupa são pensados para criar uma estética que, assim como a obra de Pape, equilibra o rigor geométrico com a liberdade de expressão. A moda, para nós, é um jogo de formas que se movem com o corpo, adaptando-se à personalidade de quem veste, tal como as obras de Pape se adaptam à percepção de quem as observa.
"Livro da Criação" (1959-1960): Um livro de artista que combina formas geométricas com uma narrativa visual, convidando o espectador a participar ativamente da obra. Este trabalho reflete a busca de Pape por uma arte que fosse acessível e interativa, rompendo com as barreiras tradicionais entre a arte e o público.
Moda e Arte: Conexões Humanas
Lygia Pape estava profundamente interessada em como a arte podia se relacionar com o espectador de maneira direta e sensorial. Sua icônica obra "Divisor" (1968) é um exemplo perfeito dessa ideia, uma performance onde os participantes se conectam através de uma grande tela de tecido, transformando-se em parte da obra e, ao mesmo tempo, preservando sua individualidade.
Essa noção de conexão através da arte ressoa fortemente com a filosofia da Belicio. Vemos a moda como uma plataforma de expressão individual que também promove uma conexão com o coletivo. Nossas roupas são criadas para serem sentidas, vividas e experimentadas, promovendo uma interação entre o corpo, a roupa e o ambiente, assim como Pape fazia com sua arte.
"Divisor" (1968): Uma das obras mais icônicas de Lygia Pape, "Divisor" é uma performance onde uma grande tela de tecido com furos para a cabeça é utilizada por um grupo de pessoas, que se movem em uníssono, criando uma obra coletiva. Esta obra explora a relação entre o individual e o coletivo, uma ideia que ressoa com o conceito de moda como expressão pessoal e conexão social.
A Sustentabilidade da Simplicidade
Outro aspecto da obra de Lygia Pape que inspira a Belicio é sua capacidade de encontrar grandeza na simplicidade. Ao trabalhar com materiais simples e formas essenciais, Pape criava obras profundamente significativas. Na Belicio, acreditamos que a simplicidade é a chave para a sustentabilidade. Criamos peças atemporais que, assim como as obras de Pape, resistem ao teste do tempo, valorizando a qualidade e o impacto mínimo no meio ambiente.
"Ttéia" (1976-2004): Uma série de instalações que utilizam fios de ouro ou prata para criar formas geométricas tridimensionais, que parecem flutuar no espaço. As "Ttéias" são um exemplo da capacidade de Pape de transformar materiais simples em experiências visuais e emocionais complexas, algo que também inspira a Belicio na criação de peças que valorizam a simplicidade e a elegância.
Moda como Arte Viva
A visão de Lygia Pape sobre a arte como um campo de possibilidades infinitas, onde o público se torna co-criador, nos inspira a pensar a moda de forma igualmente inovadora. Para nós, cada peça de roupa é uma obra aberta, que ganha vida nas mãos (e no corpo) de quem a veste. Assim como Pape desafiou os limites da arte tradicional, a Belicio busca expandir os limites da moda, transformando o ato de se vestir em uma forma de expressão artística e pessoal.
"O Ovo" (1967): Uma obra-performance onde uma estrutura de madeira em forma de ovo é rompida pela artista, simbolizando o nascimento e a criação. Este trabalho encapsula a busca de Lygia Pape por uma arte que transcende o objeto, transformando-se em um evento ou experiência, um conceito que se alinha com a visão da Belicio de moda como uma vivência transformadora.
Ao refletir sobre a obra de Lygia Pape, encontramos um paralelo profundo com nossa missão na Belicio: criar moda que não apenas veste, mas que também comunica, conecta e transforma. A moda, assim como a arte, é uma linguagem, e nossa linguagem é feita de formas, tecidos e cortes que celebram a individualidade e a criatividade de cada pessoa que escolhe fazer parte do universo Belicio.